sábado, dezembro 30, 2006

Eu sou Rita de Cássia Sampaio de Souza

Por Esther Lucio Bittencourt

Fonte: Condomínio Brasil

Eu sou Rita de Cássia Sampaio de Sousa, de 45 anos, chamada de louca por tonico malvadeza por ter esfaqueado o seu neto — acm neto — em protesto contra o aumento de 91% dos congressistas. Eu sou a Rita, você é a Rita, nós somos a Rita, pois foi ela quem externou nosso desejo de extirpar o câncer em que se tornou a política brasileira, que todos nós cultivamos no silêncio de nossa covardia e da nossa omissão.Todos nós no fundo ou no raso invejamos a Rita. Confessemos!

Matar é crime, matar quando se empunha uma faca, se dá um tiro, se envenena alguém. Mas, e para esta morte que morremos a cada segundo, motivada por uma política econômica que só favorece aos mais abastados e aos próceres desta terra pode-se convocar os assassinos para o banco dos réus, pode-se jogá-los em uma cela de alguma carceragem?

Eu quero ser Rita de Cássia Sampaio de Souza, pois seu desespero também é o meu. É a nossa angústia de sermos brasileiros. E, por mais que os médicos atestem sua insanidade, como a grande mídia está dizendo, ela teve a lucidez de defender o povo brasileiro ao esfaquear quem o representa e legisla em causa própria o aumento de seu salário. Ela foi precisa ao mostrar ao mundo a miséria e a indigência humana a que estamos submetidos, por quem foi que elegemos para nos defender legalmente. E que de segundo a segundo nos rouba, engana, tripudia sobre nossa humanidade.

Não basta esfaquear um somente. Precisamos fazer isto com todos eles, ensinar que é urgente que sejamos respeitados nem que seja pelo medo que sentirão de nós, o povo, quando andarem pelas ruas, mesmo protegidos por seus vários seguranças pagos com os nossos impostos e descontos em nome do Instituto Nacional de Previdência Social. Ou matar de outra maneira, como deseja a OAB: novas eleições devem ser convocadas para que os assassinos do povo sejam afastados do poder que lhes permitem nos assaltar em plena luz do dia, com a falta de caráter que lhes é inerente.

Não me admirarei se Rita de Cássia Sampaio de Souza, misteriosamente aparecer enforcada em sua cela ou morta por outras detentas. Faz parte do sistema de punição dos senhores que estão acima das leis este tipo de ato: e como convivemos com isto no Brasil! mata-se o pobre, o elo mais fraco da corrente para que a corrupção e a violência possam prosperar.

Eu exijo que, de hora em diante, eu seja nomeada de Rita de Cássia em homenagem a esta mulher que numa facada em um dos desordeiros que nos saqueiam explicitou nossa ira de povo enganada. Não foi somente um protesto porque não consegue receber seu fundo de garantia, como desejam minimizar alguns.

A intenção e a reação são mais profundas e têm raízes na displicência dos que ocupam o poder no Brasil em crer que somos um povo pacífico. Somos, mas estamos de saco cheio. Ofendidos até os gorgomilos. E sempre tem um dia em que a casa desaba. Estou com as minhas unhas afiadas, a faca entre os dentes, pronta para matar quem tem prazer em acompanhar minha agonia diária para sobreviver sem nenhuma dignidade.

Exijo que me detenham como o fizeram com a Rita Cássia Sampaio de Souza, nome para ser lembrado, pois ela executou o que eu gostaria de ter feito. O sangue de suas mãos escorreu para as minhas, mas não aplacou a minha sede de justiça.

COM TODO ORGULHO REPITO: EU SOU RITA CÁSSIA SAMPAIO DE SOUZA, e agredi fisicamente o vulgo deputado Antonio Carlos Magalhães Neto, que realmente tem o nome de Antonio Carlos Peixoto de Magalhães Neto e é um representante da Câmara dos Deputados que votou para si um aumento de 91% num momento de recessão econômica da Brasil, recessão esta que caminha há mais de 15 anos e nenhuma luz no fim do túnel garante que ela acabará.

Enquanto nós, povo brasileiro, ó! Pagamos a conta.

Rita nos deixou uma mensagem: “todos nós temos motivos políticos para fazer isto” e o subtexto é: “tiremos a máscara. Pois toda ação pede uma reação. Eles nos matam por asfixia, nós os matamos com facadas ou os destituímos”. E pensar que ela usou apenas uma faca de cozinha, assim como se estripa um porco, se limpa um frango... para quem pode, né mesmo?


Fonte: Coletivo Sabotagem


"Conhecimento não se compra! Se toma e se compartilha!"

2 comentários:

Anônimo disse...

Pois é , a mulher morreu mesmo .Do jeito que vc descreveu

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.

Verdades Sinceras

Verdades sinceras... Você pode sentir todo calor que existe no sol É só olhar para os lados e veremos pessoas tristes... Olhamos muito...