Bertold Bretch
terça-feira, outubro 05, 2010
Se os tubarões fossem homens
Bertold Bretch
domingo, setembro 26, 2010
sexta-feira, setembro 17, 2010
O vazio
Chamem-lhe agora monstro, dessa esperança acumulada.
segunda-feira, setembro 13, 2010
segunda-feira, setembro 06, 2010
A COBERTA DE LÃ
Não é o medo de perdê-la para outro homem. Nem o medo de me perder para a infância. O amor se resolve na banalidade. São os cílios, os farelos, os botões, os brincos, os cabelos que não enxergamos cair no chão. São as quedas mudas, as gentilezas brandas, o costume silencioso de seguir procurando um ao outro mesmo depois do casamento.
Minha mãe, por exemplo, antes fazia a benção em minha testa quando pequeno, nas saídas de madrugada para escola. Hoje ela faz questão de abrir e fechar o portão ao partir de sua casa. Tenho o controle, mas ela não me permite. Apertar o botão vermelho é seu jeito de continuar mantendo o sinal da cruz. Agora no rosto da estrada. Com as grades levantando lentamente a água sagrada da chuva.
Sei que você me ama quando deito no sofá para assistir televisão. Estou sozinho, desmantelado, nem escuto o que vejo, pouso em um canal, estável, deitando a cabeça no encosto duro. A altura desajeitada, imensa, mal cabendo naquele caixote de espuma. Naquele engradado de molas. As pernas balançando perto do abajur.
Não conversamos, suspiro sem cópia carbono. É nesse momento em que não estamos juntos que nos amamos. Porque não a vejo provando que me ama, nem me vejo confirmando que a amo.
Apago mais pelo cansaço do que pelo desejo. Vacilo as pálpebras algumas vezes até desistir. Tento comentar notícias, mas guardo para amanhã. Não tomei banho, não escovei os dentes, Sentei um pouco para respirar e fiquei. Acabei de chegar do trabalho, das aulas que permaneço de pé, talvez pela ansiedade de abraçar as palavras.
Não me acorda, não me empurra a cumprir horários. Me deixa ali. Até amanhecer.
Não duvido que muitos pensem que me abandonou para desfrutar os dois lados da cama. E ler tranquila, longe da minha insistência, não precisando explicar a história do livro.
Pareço um morto. Um morto que pode nascer de novo. Um morto obediente. Um morto crédulo.
O morto só será de uma mulher quando ela o velar em vida. Tenho certeza disso. Feliz da viúva que pode dizer: meu morto! Sem ter que dividi-lo. Chorando, absoluta, o reinado de sua dor.
Na dor, não queremos dividir, queremos não competir com mais ninguém. A morte é a única liberdade para sofrer. É um suicídio desperdiçá-la.
E me acordo assustado, procurando fixar o horário e o dia da semana. Olhos em remela, boca em ressaca. Seca.
Vejo que estou amorosamente acomodado. Diferente do estado em que adormeci.
Alguém pôs um travesseiro, alguém retirou meus sapatos, alguém me livrou do cinto. Alguém colocou uma coberta de lã para não tremer com as janelas.
Esse cobertor, não há dúvida, ainda é seu corpo.
Por Fabrício Carpinejar
Fonte: http://www.fabriciocarpinejar.blogger.com.br/2009_09_01_archive.html
quinta-feira, maio 20, 2010
Nem sei mais...
Caio Fernando Abreu
É preciso estar inteiro para receber alguém por inteiro, não adianta querer algo que talvez não consigamos dar.
Não podemos nos contentar com pouco, o pouco é medíocre, - precisamos das pernas, braços, corpo, mente, coração, pensamentos, precisamos de tudo, precisamos ser felizes..estar felizes.
Precisamos saber o que realmente desejamos de uma relação. Saber quais são nossas reais necessidades e exigir alguém que nos complete de uma forma que nos faça sentir saudades; sentir vontade de conversar, de beijar, do cheiro, do abraço, até mesmo de uma bronca por algo banal..não sei se é amor, pois não acredito no amor de prateleira, mas no que é intenso e bonito, e isso não é culpa do outro, pois não existem culpados, tudo é química, tudo deve ser automático e apenas acontecer, nada mais.
Devemos acreditar naquilo que nos faz ter palpitações; que nos faça dormir e acordar com vontade de quero mais, e não falo de sexo bom, o bom é ter alguém que fará você feliz sempre, mesmo que o 'sempre' seja apenas mais uma frase bonita de poesia, que seja, sinta a poesia, pois, poesia é amor e amor sem poesia não é absolutamente nada.
Como poesia devemos levar nossas vidas...nossos amores, nossas dores.
segunda-feira, maio 10, 2010
Segunda-feira
Não existe compaixão entre a civilização, mas, o que me preocupa não é a falta dela, mas a falta de indignação.
sexta-feira, maio 07, 2010
Como é a ética dos políticos no Brasil?
Acredito que a ética política brasileira não exista. Como o Brasil é um país de povo ideologicamente “ordeiro” e “progressista” e, principalmente “pacifico”, somos tendenciosos a obedecer e acreditar que exista um real progresso e principalmente, é passado para a população através dos veículos de massa que o brasileiro é um povo sofredor e honesto, que vive num país que não há catástrofes naturais, no caso, um paraíso tropical.
Pensando em ética, acredito que seria primordial que todos os políticos abdicassem de seus salários, de suas regalias, esse seria o primeiro passo para a real democracia, onde todos trabalhariam para o real crescimento do país, visando pura e simplesmente o bem comum de todas as pessoas.
A famigerada política brasileira está mergulhada no mar da corrupção desde que o Brasil é Brasil, como sua independência foi construída pela burguesia, sem insurreição popular, o povo até hoje tem participação política praticamente nula, servindo apenas como instrumento de manipulação e sustentação de parasitas que nela entram. Talvez exista sim algum traço ético e positivo em alguns poucos políticos que às vezes tomados por um resquício patriótico denunciam algum escândalo, mas ainda assim sou cético quanto a isso, acredito que tanto os denunciados, quanto denunciantes são bodes expiatórios, instrumentos para tentar acalmar os ânimos da população que já está completamente sobre controle.
Não somos culpados pelo mundo que encontramos ao nascer. Mas precisamos, na medida de nossas possibilidades, fazer alguma coisa pelo mundo que está sendo construído (ou destruído). E que será herdado aos que hão de vir. Gilberto Cotrim
quarta-feira, maio 05, 2010
A escola ideal?
quarta-feira, abril 21, 2010
Por falta de boca
Às vezes quero ir
Pra algum país distante
Voltar a ser feliz
Transformar
Todas as forças caminham para os lados opostos.
Todos os carinhos não chegam.
Por que não ouvimos nossas vozes,
quando dançamos de encontro ao acaso?
Sua face perdida diz aos meus ouvidos...
Venha ao meu encontro.
Os cuidados devem ser presentes;
Sempre...presentes!
Os caminhos tortuosos dizem por onde devemos caminhar...
Acredite, eu estive lá...como Drão, ou as vezes não!
terça-feira, abril 20, 2010
Definitivo
Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.
Sofremos por quê? Porque automaticamente esquecemos
o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções
irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado
do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter
tido junto e não tivemos,por todos os shows e livros e silêncios que
gostaríamos de ter compartilhado,
e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.
Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas
as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um
amigo, para nadar, para namorar.
Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os
momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas
angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.
Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.
Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo
confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam,
todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.
Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma
pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez
companhia por um tempo razoável,um tempo feliz.
Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um
verso:
Se iludindo menos e vivendo mais!!!
A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida
está no amor que não damos, nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do
sofrimento, perdemos também a felicidade.
A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional...
Carlos Drummond de Andrade
segunda-feira, março 01, 2010
A colina da Providência
Uma vermelha
I
Caminho na rua meio perdido meio fumaça meio riso, a garganta arde, engole uma mistura de brio fácil e desconfiança no inevitável. Rachel chegaria, viria buscar o que ainda resta de perdão em mim; e até agora ela não apareceu. Tampouco esperarei que se decida. É óbvio que amanhã será a mesma.
Costumo parar em frente a placas, ou nas praças, conquanto haja e não haja pessoas ao redor. “Não haja” porque ninguém vai ficar parado, pensando e fazendo neblina das dúvidas às quatro da tarde numa segunda - não, terça-feira.
É quando reflito sobre essas esposas que poderiam ser mães de gênios, dum acrobata, dum ministro, dum assassino de gente famosa, ou a própria gente famosa. Nada a ver com os meus microscópicos bichinhos rabudos que - a pretensão! - seriam futuros heróis desse porte. Vem das mães.
Uma daquelas mulheres que destroem as atmosferas, eles conversando e folheando revistas pornô durante um Esportiva de Taguatinguetá versus Estrela da Saúde, domingo de sol com cerveja, ela aparece, todos olham, e a agressividade se transforma. Feia, não feia, sorria ou deteste ouvir palavrão e ver jogo da segunda divisão.
Não por ela não gostar, ou pelo mau humor biologicamente legitimado de mês em mês, mas porque está ainda atarefada, querendo terminar isso ou resolver aquilo ou repensar aquilo outro: postura de contrato, muito importante para mim, o da produtividade extrema, até nociva, superior e incontível, nos projetos que escolheu e decidiu cumprir. Trato que, para ser franco, não levo muito a sério.
Lembro de ter parado em frente a uma placa qualquer, vendo nomes de rua, imaginando como seria possível evitar, algum dia, que nomes de rua representem coisas tão esquisitas.
Caminho, faz esse sol dos dias em que a mãe do gênio surge no banheiro, sorrindo como se renascesse princesa de algum sarcófago cotidiano, empoeirada de luzes, ginga e xinga e amaldiçôo poder apenas acompanhá-las indo, do quarto, passando salas de minha expectativa e então me contornam, sumindo numa escuridão que deixa tudo besta Caminho, faz esse sol dos dias em que a mãe do gênio surge no banheiro, sorrindo como se renascesse princesa de algum sarcófago cotidiano, empoeirada de luzes, ginga e xinga e amaldiçôo poder apenas acompanhá-las indo, do quarto, passando salas de minha expectativa e então me contornam, sumindo numa escuridão que deixa tudo besta por um instante.
- Quer fumar? - sorri quase cantando, enternece, assusta e acabo negando.
A mãe do gênio senta-se, flutuante, de pernas nuas cruzadas por baixo da toalha, deixando, como que abandonado, um braço ao lado do corpo. Dedilha suas músicas inacessíveis na coxa, passando para dentro e através da TV. É quem segura os cabelos numa calma que parece desilusão para, quando minha vontade surgir, ela virar, súbita, estendendo o cigarro.
Aquela expectativa. Agora não sinto mais a obra e o peso, a orla, da saudade. Sorrio miseravelmente no repentino esquecimento do “depois de hoje”, pensando em algo como uma fratura boquiaberta sem recheio.
Ela não conseguiu, enfim. Desisti de ouvir com calma para ser ouvido em silêncio... não me revolto, não reviro, mas procuro um outro cigarro.
Claro que faz falta. “Faço falta pra você?” Diria não?
Outra noite à espera. Muito tempo passado. Espera! Desisti tarde, por Rachel e seus amigos filhos geniais. Talvez as mães, mas uma garota, leve demais, movimentos e sonhos desprovidos de qualquer rouquidão?; barracas, óculos escuros, gargalhadas na praia. É o trato, a produtividade. Ou seja, nada.
Outro dia errado, pênsil, e vagava ainda transpirando, embora observasse, complacente, o desmilingüir do sol. Decido virar à esquerda, mentalizando e beirando mecanicidade, penso na próxima à direita.
Passam dois senhores de sacolas penduradas, pisando firme, cabisbaixos e rápidos, um de boné. E já me resigno ao boné‚ vermelho na foto, o sorriso dela que parece hoje bonito e falso; naquela época era simples achá-lo maravilhoso. “Álvaro! Álvaro!”, ela berrava, corcunda de gargalhadas, nos perdíamos pela multidão, cumprimentávamos as pessoas, eu preocupado em me esconder sutilmente por entre os corpos, os casais, sorrindo entre nós, cúmplices eu e eles e ela, que na verdade beijava alguém quando eu não via.
Os dois juntos, esfregando as frontes, balançando à música; e esperei mais essa tarde, outra noite, e escrevo-a, outro dia cansado, rastejante, e novamente os olhos grandes, pretos, a testa clara e duas sobrancelhas, par e ímpar, de questionamento fulverino. E o boné, vermelho na foto, nós abraçados e perdidos.
domingo, fevereiro 14, 2010
sentado
Verdades Sinceras
Verdades sinceras... Você pode sentir todo calor que existe no sol É só olhar para os lados e veremos pessoas tristes... Olhamos muito...
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Pegue um jornal. Pegue a tesoura. Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar a seu poema. Recorte o artigo. Recorte em segui...
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Presente em tempos precisos... Tempos necessários para que tivesse tempo para evoluir, crescer, pensar. Pensar que talvez o desejo e...